segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Uma cassete revolucionária

Os anos passam sem a gente dar por isso. Nos meus “arquivos” de coisas das Caldas tenho esta preciosidade, um autocolante da Mattel - Áudio Magnética, que seguramente terá mais de 30 Anos.
A Áudio Magnética era uma Empresa do Grupo Americano Mattel, e fabricava cassetes de Áudio.
Julgo que foi no final dos anos setenta que esta firma fechou as suas portas mandando para o desemprego umas centenas de trabalhadores, foram tempos conturbados, lembro-me bem das dificuldades de alguns amigos apanhados por este despedimento.

3 comentários:

MaximinoMartins disse...

"Correu" na altura que um carregamento de cassetes veio devolvido da Suiça, por causa desse autocolante...não sei se verdadeiramente aconteeu ou não, mas falou-se nisso...

As revoluções acabam muitas vezes por ter aqui ou ali alguns excessos e vá lá que a nossa não foi em geral violenta...embora tenha tido alguns excessos que a mordaça anterior de que se vinha, despoletou aqui ou ali...

Houve tempo em que a Mattel era creio, das Empresa que melhor pagavam na Região, eu era funcionário público e em comparação ganhava "uma miséria", comparado com o que a Mattel então pagava e por essa razão...preenchi uns papeis para ir para lá trabalhar...
Certamente o meu Anjo da Guarda deve ter mandado os papeis para o lixo...foi a minha sorte...!!

Tinha um amigo (e ainda o tenho...) que era do PCP e elemento activo dessa célula...
Num Outono de então... ele, eu e outros amigos fomos ajudar na vindima um outro amigo comum que também trabalhava na Mattel...
Ao almoço entre outras conversas falou-se da situação na Empressa onde as lutas reivindicativas aconteciam quase permanentemente...
Às tantas eu disse para esse meu amigo, ó G... será que vocês não estão a abusar...??
Vocês ganham melhor que a maioria dos outros trabalhadores, não se esqueçam que os donos apenas se manterão por cá enquanto tiverem o lucro que eles acharem compensador, a partir do momento em que isso não acontecer, vão embora (parece que eu estava a adivinhar...)...
A resposta que recebi do G... foi: não, não...temos que acabar com o grande capital, se fechar ...a caneta com que eu escrevia antes, está lá pendurada (referia-se à enxada...)...
Pois a Mattel acabou mesmo por fechar, mas o meu amigo G...não voltou a escrever com aquela caneta...
Foi trabalhar para Peniche, não sei se foi o Partido que lhe arranjou "a nova máquina de escrever"...mas outros não tiveram a mesma sorte...

Tempos que passaram...mas que é bom ainda estarmos por cá...para recordar...!!

J.L. Reboleira Alexandre disse...

Tenho uma «relação» especial com a Audio Magnética. Quando voltei da tropa apresentei-me no escritório do Pimentel, o CEO lá da casa, (que será feito dele ?)com os meus diplomas todos à procura de emprego, depois de já ter deixado CVs noutros sitios. Já sabia que aquilo andava mal, mas conversàmos um pouco de tudo e de nada.

No fim fiquei convencido que tinha mesmo de sair daí. A paciência tinha esgotado. Como diz a minha companheira, para mim «as coisas têm de ser já».

Alguns anos depois, (poucos) aparece-me ele aqui no escritório (era conterrâneo do meu patrão da altura) sozinho a vender cassetes. Penso que ainda colocou algumas no mercado, mas foi Sol de pouca dura. O preço era mais caro que o da concorrência. Passado pouco tempo fechou tudo.

Kruzes Kanhoto disse...

Ah! Esta é que é a celebre cassete do PCP!